Terceirização e desmonte levaram a acidente da Refinaria Abreu e Lima, diz FUP



O início do incêndio ocorrido nesta quinta-feira (25), na Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca-PE, que resultou em quatro trabalhadores feridos, reforça a luta da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos filiados contra o processo de terceirização da área de segurança na empresa, promovido pelo governo passado e pela administração anterior da Petrobrás, no âmbito do processo de desmonte da estatal.

“É urgente que a atual gestão da Petrobrás reveja esse modelo inseguro. É preciso investir na contratação de técnicos de segurança industrial e de manutenção próprios via concurso”, afirma o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, que também é técnico em Segurança do Trabalho.

Bacelar reconhece que a atual gestão da Petrobrás está promovendo um processo de ‘primerização’ da área, com reforço de efetivo próprio. “Mas esse processo precisa ser ampliado e acelerado”, diz ele.

“O acidente está diretamente associado à consequência de uma política de desinvestimento que a RNEST vinha sendo submetida, o que implica assumir riscos cada vez mais graves na operação e manutenção dos maquinários e que podem, como já ocorreu, levar a morte de trabalhadores, reforça o coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro PE/PB), Sinésio Pontes.

Segundo ele, a ampliação das terceirizações nos serviços da RNEST legitimou o desmonte e falta de zelo com as atividades de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS), no período em que a refinaria esteve à venda. Uma situação sempre denunciada pelo sindicato e pela FUP.

O acidente no tanque de petróleo foi motivado, segundo informações oficiais da refinaria, por uma fagulha. O Sindipetro PE/PB apurou que esses trabalhadores, que são funcionários terceirizados da prestadora de serviços QWS, executavam trabalho de caldeiraria no teto do tanque, podendo isso ter gerado essa "fagulha". Essa possibilidade ficará esclarecida na investigação que será feita com a participação do Sindipetro PE/PB e da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), explica Pontes.

A redução dos investimentos da Petrobrás em SMS na gestão Temer e Bolsonaro teve impactos diretos na precarização de processos. Em 2014, esses investimentos atingiam U$ 2,4 bilhões e caíram para US$ 1,4 bilhão em 2022.

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